Soneto do Amor e da MORTE_Vasco Graça Moura

Poeta, ensaísta e político social-democrata Vasco Graça Moura morreu na manhã do passado domingo no Hospital da Luz em Lisboa, após uma longa luta contra o cancro. 



Soneto do Amor e da Morte 


quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

(Vasco Graça Moura, in Antologia dos Sessenta Anos)

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