Sobre o COLESTEROL



O excesso de colesterol pode acumular-se nas paredes das artérias e contribuir para o desenvolvimento de doenças coronárias, por isso é importante controlarmos regularmente o nosso nível de colesterol.


É fundamental à manutenção do nosso organismo, mas, também se pode tornar no maior inimigo da saúde. Os conselhos seguintes são do Prof. Fernando de Pádua, Presidente da Fundação Professor Fernando de Pádua e do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva.


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1. O colesterol - substância lipídica normal, que circula no nosso sangue ligado a proteínas - pode condicionar ao longo dos anos, quando elevado, o aparecimento de aterosclerose: o tipo de arteriosclerose que facilita a progressiva ou súbita obstrução das nossas artérias, dificultando a passagem do sangue, e provocando as mais graves doenças cardiocerebrovasculares: angina de peito, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, etc., etc... Estes perigos derivam essencialmente da sua fracção LDL (“Low Density Lipoproteins”) enquanto a fracção HDL (High DensityLipoproteins) funciona afinal como protectora. Quanto mais altos forem o colesterol total e a fracção LDL (“colesterol mau”) pior, e quanto mais elevado o HDL (“colesterol bom”), melhor.


2. Os níveis de colesterol podem subir gradualmente com a idade dependendo de muitos factores, uns genéticos (por exemplo hipercolesterolémia familiar), alguns síndromes metabólicos, outros derivados do nosso estilo de vida: erros alimentares, falta de actividade física, etc. É sobre estes últimos que podemos actuar – procurando corrigir a alimentação, o sedentarismo e o excesso de peso, para que o colesterol suba menos (e isso é também verdadeiro mesmo quando há tendência genética).

3. Todos nós, devemos procurar saber o valor do nosso colesterol no sangue: “saiba o seu número” dizem os americanos.
Se for normal (igual ou menor que 190 mg/dl) só é preciso repetir a análise em novo check-up (cada 3 ou 4 anos).

Entre 190 e 220 deve adoptar uma alimentação mais “correcta, equilibrada e inteligente” e um estilo de vida mais saudável (isto é sem tabaco e com mais exercício) e repetir a análise dentro de 2 ou 3 meses, falando com o seu médico sobre o seu risco em conjunto com os outros factores de risco de doença cardiocerebrovascular, sexo, idade, tabaco e açúcar no sangue.

Se for maior que 220 mg., consulte o seu médico de família, pois poderá ter de fazer mais qualquer coisa, p. expl. medicamentos.

Se for menor do que 150 é bom, mas deverá ouvir também o seu médico.

O tratamento deverá trazer o colesterol total para valores ≤190 e o LDL para £115. Todavia, se já é doente cardiocerebrovascular, ou tem doentes precoces na família, aponta-se para LDL £100 (alguns pedem 70). O HDL deverá ser maior que 45 na mulher e 40 no homem.

4. A necessidade de conhecer o valor do colesterol no sangue é imperiosa, inclusivé nas crianças – cuide bem dos seus sub-20 (dos 0 aos 19 anos de idade) no caso de terem antecedentes familiares de doença ou mortes precoces por patologia aterosclerótica: doença cerebrovascular, doença coronária ou de outras artérias (membros inferiores, etc.), ou grave hipercolesterolémia (isto é, maior que 300 mg/dl) ou com manifestações cutâneas suspeitas - xantelasmas ou xantomas – que são acumulações de colesterol sob a pele, mais frequente nas pálpebras ou nos cotovelos. Em todos os casos a prevenção activa (dieta e exercício) ajuda a reduzir os riscos.

5. Devem vigiar o colesterol com particular cuidado, todos os fumadores, os doentes diabéticos (ou com intolerância à glicose) e, repito, todos os que tenham hipertensão arterial, ou doença vascular (p. ex. cerebral, coronária, das carótidas ou dos membros inferiores).

6. A principal arma para prevenir o aumento do colesterol é a alimentação.

Uma alimentação correcta, equilibrada, saudável e inteligente implica:

Um nível baixo na quantidade total de gordura.

Eliminar o mais possível as gorduras ditas “saturadas” (gorduras da carne, manteiga, queijo e leite gordos, ovos, miolos e vísceras, gorduras vegetais tratadas industrialmente (margarinas duras) ou transsaturadas por sucessivas frituras.

Preferir gorduras vegetais, mono ou poli-insaturadas (azeite e outros óleos vegetais como milho, girassol, soja, grainha de uva) ou gordura de peixe (também monoinsaturada).

Preferir carnes brancas (p. ex. de aves: frango, peru, tirando-lhes a pele).

Consumir peixe 3 ou 4 vezes por semana (ricos em ácidos gordos ómega 3 ou ómega 6, que são particularmente benéficos).

Aumentar muito o consumo de vegetais (para mais de 400gr. por dia): sopas de hortaliças, todos os legumes, saladas, fruta.

Optar por um maior consumo de cereais (pão de segunda ou preparados ricos em fibras como p. ex. trigo ou arroz integral, farelo ou gérmen de trigo).

Consumir mais leite magro, ou outros produtos lácteos (iogurtes, queijo, etc.) também magros.

Pode consumir bebidas alcoólicas, mas apenas de forma moderada (2 ou 3dl de vinho tinto/dia ou 2 cervejas), se já tiver esse hábito e não tiver contra-indicações (doença do fígado, excesso de peso ou obesidade).

7. Contribuem também para reduzir os efeitos do colesterol aumentado (ou mesmo reduzir o colesterol LDL e aumentar o HDL) a correcção de algumas atitudes e comportamentos de risco, e de alguns factores biológicos, a saber:

Reduzir o excesso de peso e a obesidade, se possível para o peso normal (não exceder em Kgs os centímetros acima do metro. Outra forma de avaliação será o índice de massa corporal (manter entre 18,5 e 25 kg/m2).

Reduzir o perímetro do abdómen para menos que 82 cm para as mulheres e 94 cm para os homens.

Vigiar a glicemia (< 126 mg em jejum ou hemoglobina glicada <6%) e prevenir ou tratar a diabetes.

Controlar a hipertrigliceridémia (para menos que 150 mg/dl após 12h de jejum), com atenção especial ao álcool e ao abuso de açúcar e doces, outros hidratos de carbono, e total de calorias.

Reduzir o stress excessivo na vida de todos os dias.

Diminuir o sedentarismo aumentando a actividade física diária – passeio a pé de 30 a 60 min/dia todos os dias, ou iniciar mesmo uma actividade desportiva (após exame médico!...).

8. O tratamento da hipercolesterolémia depende, na maioria dos casos, da dieta (para baixar o colesterol LDL - o “mau”), do exercício (que faz baixar o colesterol total e o LDL e subir o colesterol HDL - o “bom”), da medicação se for necessária, e do controlo médico dos outros factores de risco que, para níveis iguais de colesterol, agravam muito os seus efeitos prejudiciais:

Tabaco (parar já).

Hipertensão arterial (normalizar a pressão para valores ≤ 130/85 mm Hg) ou 120/80 se for diabético ou tiver doença renal crónica).

Diabetes ou intolerância à glicose (controlar com dieta e exercício, ou também com medicação).

Obesidade e excesso de peso - corrigir com dieta e exercício, como já se disse atrás, e eventualmente com medicação, aconselhamento nutritivo e acompanhamento psicológico.

9. Quando a hipercolesterolémia não normaliza com dieta rigorosa (em termos de gorduras saturadas, e de colesterol, na alimentação) e com o incremento da actividade física (para além dos passeios diários a pé) pode ter de recorrer a uma terapêutica farmacológica: são vários os medicamentos activos que baixam o colesterol “mau”, e alguns até fazem subir o “bom”. Podem mesmo associar-se novos medicamentos que começam por reduzir a absorção intestinal das gorduras. A responsabilidade e orientação destas terapêuticas cabem ao seu médico assistente.

10. De notar que todas as recomendações que atrás fizemos (para prevenir ou reduzir a hipercolesterolémia) se tornam particularmente importantes, ou mesmo obrigatórias, se se tratar de pessoas que já tiveram qualquer manifestação clínica de:
Insuficiência vascular cerebral (isquémia transitória, ou mesmo trombose ou hemorragia cerebral)
Doença das artérias coronárias (angina de peito, enfarte do miocárdio ou arritmias graves)
Insuficiência arterial periférica (vasos do pescoço, dos membros ou de outros territórios vasculares).

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