Dá-me a Mão
“batem as asas, libertas
rumam sem rumo, mais além
ágeis, de vida incerta
instantes que o tempo tem”
dou-me
a quem me recebe
não me detenho
não me quero
sobrante de mim
partilho, sem portas
espero, loucuras
suporto, distâncias
nego, regras, benignas
quebrantes de sonhos
que em cinzentos zelosos
selam o dia
abraço o porto
ato-o á alma
feliz
pelos dias perfeitos
vividos de novo
e choro
as partidas, rasgadas
mas ficar
é negar-me
ao louco que sou
não me nego
não mais
não me detenho
não mais
volto á estrada
matizada de sabores
em rios que correm
sofridos
e retorno
á teimosa força
de ser, quem sou
ao teu encontro
vou
vem também
dá-me a mão
perde-te
em mim
“corpo de mar,
alterado, quebrado,
molhado
na ânsia de chegar"
(Rui Santos)
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