Leite: Afinal É Bom Ou Mau?
O leite sempre foi visto como um dos alimentos mais completos. Mas, cada vez mais, surgem correntes a quererem tirá-lo do pódio. Afinal, devemos ou não consumir leite? Falámos com três nutricionistas com posições divergentes. Se o réu - o leite - merece ser absolvido ou castigado, é você quem decide.
Desde sempre o leite foi tido como o alimento mais completo e o que não devia faltar à mesa de todos nós. E se o leite materno é indiscutivelmente o alimento mais indicado para os bebés, já o consumo de leite de origem animal tem vindo cada vez mais a ser posto em causa. Existem estudos a favor e estudos contra. A comunidade científica divide-se e os interesses instalados também não ajudam a desnublar o cenário.
O certo é que o consumo de leite e dos seus derivados está a diminuir. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o consumo de leite e produtos lácteos per capita (kg/habitante) tem vindo a reduzir-se a cada ano e decresceu de 129,3 (2011) para 115,1 (2015), sendo estes os dados mais recentes disponíveis.
O grande culpado? A lactose. Este é o açúcar natural do leite, que é composto por duas unidades mais simples de açúcar: a glicose e a galactose. Para que se faça uma digestão correta da lactose, é necessária uma enzima que quebre a ligação entre a glicose e a galactose, para que estes açúcares possam ser absorvidos pelo intestino. A enzima necessária para este processo chama-se lactase. Quando esta enzima deixa de ser produzida em quantidades suficientes à digestão da lactose, surge a intolerância, com todos os sintomas que lhe estão inerentes.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, um terço da população portuguesa sofre de distúrbios do sistema digestivo associados à intolerância à lactose. A acrescentar a esta margem de pessoas que sofre de intolerância, juntam-se os outros que, não tendo sintomas, estão a reduzir o consumo de lacticínios, uma vez que circula atualmente muita informação a demonizar o leite como alimento, nomeadamente porque está ‘carregado de hormonas impróprias para humanos’, porque ‘engorda’, porque afinal ‘não fixa assim tanto o cálcio’, etc, etc..
E o consumidor, afinal, que escolhas deve fazer? No meio de tanta informação contraditória, deve ou não por o leite à mesa? Questionámos três nutricionistas portuguesas com visões distintas: Ana Leonor Perdigão, Catarina Lopes e Magda Roma.
Para Ana Leonor Perdigão, o consumo de lacticínios só deve ser evitado por quem é intolerante (clinicamente confirmado) e, ainda assim, existem soluções: «Confirmada a intolerância à lactose, os hábitos alimentares devem ser reajustados, mas com o cuidado de manter uma alimentação saudável. Um dos mitos existentes é o de que a pessoa deixa de poder ingerir leite ou qualquer dos seus derivados lácteos, o que não é verdade. Uma pessoa intolerante pode e deve continuar a incluir o leite na sua alimentação, desde que sem lactose».
Opinião diferente tem a nutricionista Catarina Lopes: «A partir do primeiro ano de idade, começa o processo de diminuição da produção da lactase, o que leva a uma má digestão do açúcar e à diminuição da aceitação pelo nosso corpo dessa substância». Quando o corpo não digere esta substância, surgem sintomas como cólicas, obstipação e diarreias constantes. Ao escolher alimentos sem lactose, opta-se «por alimentos onde esta é previamente digerida e transformada em dois açúcares simples (galactose e glicose), o que aumenta a quantidade de açúcar disponível. Óbvio que para uma pessoa que é intolerante à lactose pode fazer sentido substituir o leite normal pelo sem lactose, mas a questão hormonal ainda está presente», opina a nutricionista.
Magda Roma vai mais longe e aborda a questão economicista ligada à grande indústria dos lacticínios: «A indústria alimentar e outro tipo de indústrias comandam a economia dos países. O que seria a Suíça sem fazer relógios, chocolates, aromatizantes alimentares e queijos? A nível económico não estaria provavelmente tão desenvolvida. Há países e regiões onde a produção de leite é crucial para se manter e desenvolver, isto sempre de um ponto de vista económico. Logo, há uma tendência para impulsionar o consumo de determinados alimentos face a outros, pois esses são o motor económico de um país ou região, independentemente deste ser o melhor ou não para a saúde dos consumidores», elucida a nutricionista.
O certo é que o ser humano é o único animal a consumir leite de outra espécie, algo que não está justificado por uma argumentação científica, uma vez que o leite é um alimento preparado especificamente para servir as necessidades dos juvenis dessa espécie, argumenta a corrente que defende a abolição do consumo de leite animal. Para além disso, aponta-se ainda o dedo à indústria, por deturpar ainda mais o produto. Nomeadamente, para fazer face à grande procura deste alimento, a indústria da criação de vacas insemina constantemente de forma artificial estes animais, pois se não houver um bezerro para alimentar não há produção de leite. São inseminadas a cada ano com o intuito de manter a produção o mais alta possível.
«Se uma vaca não está a dar as quantidades necessárias de leite, tal é sinónimo de prejuízo e de sair do mercado competitivo. Após uma gravidez induzida, o leite é retirado numa altura de maior produção do bovino, repercutindo-se num teor aumentado de hormonas (estrogénio)», esclarece a nutricionista Catarina Lopes. A nutricionista acrescenta ainda que o leite de hoje também passa por um processo de pasteurização, um procedimento que remove os micro-organismos, isto é, um dos benefícios que o leite poderia oferecer. «Outro dos problemas é a extrema manipulação da mama da vaca, levando a inflamações e infeções na mama (mastites), implicando o uso de antibióticos nos animais», enfatiza.
É este tipo de informação que vem cada vez mais a público e que está a dividir a opinião pública. Porém, segundo a nova roda dos alimentos, divulgada pela Direcção-Geral de Saúde, recomenda-se a ingestão de duas a três porções de lacticínios por dia. Já a Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão de fruta, legumes, frutos secos e cereais como base de uma dieta saudável. Diz ainda para reduzir o sal, a gordura e os açúcares, mas não faz qualquer referência aos lacticínios, nem positiva, nem negativamente. Exceção feita ao aleitamento materno, altamente recomendado pela OMS.
Opinião diferente tem a nutricionista Catarina Lopes: «A partir do primeiro ano de idade, começa o processo de diminuição da produção da lactase, o que leva a uma má digestão do açúcar e à diminuição da aceitação pelo nosso corpo dessa substância». Quando o corpo não digere esta substância, surgem sintomas como cólicas, obstipação e diarreias constantes. Ao escolher alimentos sem lactose, opta-se «por alimentos onde esta é previamente digerida e transformada em dois açúcares simples (galactose e glicose), o que aumenta a quantidade de açúcar disponível. Óbvio que para uma pessoa que é intolerante à lactose pode fazer sentido substituir o leite normal pelo sem lactose, mas a questão hormonal ainda está presente», opina a nutricionista.
Magda Roma vai mais longe e aborda a questão economicista ligada à grande indústria dos lacticínios: «A indústria alimentar e outro tipo de indústrias comandam a economia dos países. O que seria a Suíça sem fazer relógios, chocolates, aromatizantes alimentares e queijos? A nível económico não estaria provavelmente tão desenvolvida. Há países e regiões onde a produção de leite é crucial para se manter e desenvolver, isto sempre de um ponto de vista económico. Logo, há uma tendência para impulsionar o consumo de determinados alimentos face a outros, pois esses são o motor económico de um país ou região, independentemente deste ser o melhor ou não para a saúde dos consumidores», elucida a nutricionista.
O certo é que o ser humano é o único animal a consumir leite de outra espécie, algo que não está justificado por uma argumentação científica, uma vez que o leite é um alimento preparado especificamente para servir as necessidades dos juvenis dessa espécie, argumenta a corrente que defende a abolição do consumo de leite animal. Para além disso, aponta-se ainda o dedo à indústria, por deturpar ainda mais o produto. Nomeadamente, para fazer face à grande procura deste alimento, a indústria da criação de vacas insemina constantemente de forma artificial estes animais, pois se não houver um bezerro para alimentar não há produção de leite. São inseminadas a cada ano com o intuito de manter a produção o mais alta possível.
«Se uma vaca não está a dar as quantidades necessárias de leite, tal é sinónimo de prejuízo e de sair do mercado competitivo. Após uma gravidez induzida, o leite é retirado numa altura de maior produção do bovino, repercutindo-se num teor aumentado de hormonas (estrogénio)», esclarece a nutricionista Catarina Lopes. A nutricionista acrescenta ainda que o leite de hoje também passa por um processo de pasteurização, um procedimento que remove os micro-organismos, isto é, um dos benefícios que o leite poderia oferecer. «Outro dos problemas é a extrema manipulação da mama da vaca, levando a inflamações e infeções na mama (mastites), implicando o uso de antibióticos nos animais», enfatiza.
É este tipo de informação que vem cada vez mais a público e que está a dividir a opinião pública. Porém, segundo a nova roda dos alimentos, divulgada pela Direcção-Geral de Saúde, recomenda-se a ingestão de duas a três porções de lacticínios por dia. Já a Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão de fruta, legumes, frutos secos e cereais como base de uma dieta saudável. Diz ainda para reduzir o sal, a gordura e os açúcares, mas não faz qualquer referência aos lacticínios, nem positiva, nem negativamente. Exceção feita ao aleitamento materno, altamente recomendado pela OMS.
Fonte: msn lifestyle
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