DIETA ? Não, obrigado !
5 tópicos centrais
na reeducação alimentar da pessoa com excesso de peso e/ou obesidade, incluindo
estratégias de ação para um melhor controlo das calorias ingeridas
Muitos
são os livros e revistas que se apoiam em artifícios sem fundamento científico
para promover as dietas ditas milagrosas. Face a tantas ofertas e
pseudo-soluções, nunca será demais relembrar que a única “dieta” que conseguirá
uma redução constante da redução do peso corporal é aquela que leva a uma
alteração permanente do habitual consumo de energia.
O tratamento da
obesidade deve ser planeado e orientado para uma alteração de comportamentos a
longo prazo, onde a componente educacional assume um papel fundamental. Entre
os objetivos mais relevantes deste programa alimentar, destacam-se: a indução
de uma restrição calórica moderada, o respeito pelas orientações nutricionais
para a população em geral, a agradável aceitação pela pessoa em causa e a
facilidade para ser mantida indefinidamente.
Segue-se uma sugestão de 5 tópicos centrais na reeducação alimentar da pessoa
com excesso de peso e/ou obesidade, incluindo estratégias de ação para um
melhor controlo das calorias ingeridas.
1 - FONTES DE
ENERGIA E LEITURA DE RÓTULOS ALIMENTARES
A energia que
precisamos no nosso dia a dia deve provir maioritariamente dos hidratos de
carbono (45-55%), de quantidades mais reduzidas de gordura (20-30%) e por
último da proteína (10-30%). A água, embora desprovida de calorias, é também um
componente muito importante da alimentação e quando incluída na confecção das
refeições (por exemplo, sopa) aumenta a saciedade e diminui a concentração de
energia do prato.
Relativamente à
leitura dos rótulos alimentares, convém ter presente os seguintes critérios
para que as escolhas sejam mais nutritivas e seguras:
Escolher alimentos
com lista de ingredientes reduzida
Os alimentos mais
simples, menos processados e com menos aditivos são frequentemente os mais
saudáveis
Escolher produtos
alimentares com Densidade Calórica inferior a 4
Para determinar a
Densidade Calórica*, divida as calorias de 100 g do produto por 100.
* Densidade calórica é a concentração de energia presente em 100 g de alimento.
Optar por
alimentos com menor quantidade de gordura
A gordura é muito
rica em calorias (fornece 9 kcal por grama) e representa quase sempre uma
parcela importante da energia total contida em cada alimento. Regra geral,
prefira alimentos com menos de 15 g de gordura (por 100 g), privilegiando as
monoinsaturadas e polinsaturadas.
Preferir os
Hidratos de Carbono complexos
Os hidratos de
carbono complexos (por exemplo, o amido) são absorvidos mais lentamente e
induzem mais saciedade. A ingestão de açúcares simples – como a glicose, xarope
de glicose, frutose, dextrose, açúcar mascavado e mel - deve ser reduzida
sempre que possível.
Preferir alimentos
com mais de 6 g de proteína (por 100 g)
O teor de proteína
é uma mais-valia no efeito saciante do alimento.
Preferir alimentos
com mais de 6 g de fibra (por 100 g)
A quantidade
relativa de fibra é geralmente um bom indicador da qualidade nutricional do
alimento.
2 - PLANEAR E FRACIONAR A ALIMENTAÇÃO
Um dos principais
inimigos no processo do controlo do peso é a existência de longos períodos sem
comer, que acabam por contribuir quase sempre para o aparecimento de um nível
elevado de fome. Para evitar este tipo de situações é necessário planear o dia
alimentar atempadamente, procurando fraccionar o total de alimentos de que se
dispõe ao longo do dia, em intervalos de 3 horas.
Vantagens do
planeamento e fracionamento alimentar
Permite escolher os alimentos que realmente se pretende consumir, prevenindo os
erros alimentares de circunstância, como os snacks salgados, bolos de
pastelaria, refrigerantes, e outras decisões alimentares menos reflectidas.
Evita “saltar” refeições e previne o consumo exagerado de alimentos nas
refeições seguintes.
Permite criar um plano de emergência perante algum imprevisto (por exemplo,
levar mais um iogurte líquido ou uma cenoura para a eventualidade de se sair um
pouco mais tarde do trabalho).
Um exemplo de
fracionamento alimentar
Pequeno-almoço -
25% das calorias totais.
Meio da manhã -
10% das calorias totais.
Almoço - 30% das
calorias totais.
Meio da tarde -
10% das calorias totais.
Jantar - 20% das
calorias totais.
Ceia - 5% das
calorias totais.
3 – ESTRATÉGIAS ESSENCIAIS DE RESTRIÇÃO CALÓRICA
Para além da
redução da gordura alimentar e da densidade calórica nas refeições, também a
diminuição da porção nas quantidades habituais é outra estratégia importante
para o controlo do peso.
Algumas ideias para reduzir as porções habituais:
Escolher
meias-doses em restaurantes;
Comer parte da
refeição ou snack e embrulhar a outra parte para comer mais tarde;
Utilizar pratos
mais pequenos à refeição;
Comer lentamente
cada porção para aumentar o tempo da refeição.
Outra estratégia
pertinente é o aumento do consumo de fontes de proteína, sobretudo vegetal (por
exemplo, as leguminosas e os cereais integrais, alimentos praticamente isentos
de gordura), já que a presença moderada de proteína nas refeições fracionadas
ajudam a torná-las mais saciantes e satisfatórias. Por outro lado, a ingestão
de proteína animal (por exemplo, o leite, o iogurte, a carne, o peixe e os
ovos) está quase sempre associada à gordura e não representa a melhor opção.
10 alimentos de
alta densidade calórica
Queijo amanteigado
Croquetes e afins
Chocolate
Enchidos
Frutos secos
Pão-de-leite
Bolos de
pastelaria
Batatas fritas
Empadas e afins
Massa folhada
4 - MELHORES ESCOLHAS FORA DE CASA
Para além da
cuidada seleção, preparação e confeção dos alimentos para o dia alimentar,
também a escolha de menus menos calóricos nos restaurantes e cafetarias e a preparação das ocasiões
especiais podem contribuir para que um regime alimentar seja bem sucedido.
Dicas para comer
em restaurantes, cafetarias e ocasiões especiais:
Pré-preparar as
refeições diárias em casa, evitando as cafetarias e outras fontes de alimentos
à disposição (fast-food, máquinas de venda, lojas de conveniência);
Escolher
restaurantes de forma premeditada, onde doses mais pequenas, sopa e fruta
estejam disponíveis e/ou seja possível o conhecimento sobre o modo de
preparação dos alimentos;
Planear e antever
ocasiões onde o risco de sobre-ingestão é maior (celebrações, encontros
sociais…);
Ingerir uma
pequena refeição 30-60 minutos antes de refeições em grupo ou
refeições/ocasiões com grande oferta alimentar;
Não comer
directamente das travessas ou dos recipientes, mas colocar no prato a porção
desejada;
Escolher
preferencialmente peixe em vez de carne;
Preferir o consumo
de aves (frango e peru) e animais de caça a outras fontes de carne;
Limitar alimentos
com muita gordura, como produtos de charcutaria, fritos, folhados e bolos;
Evitar as
refeições com muito queijo ou molho de natas e pedir para servir os molhos
separados, de forma a controlar a quantidade que se coloca no prato;
No couvert,
substituir a manteiga por azeite;
Substituir as
bebidas alcoólicas e as bebidas açucaradas (refrigerantes, néctares) por água
ou chá durante as refeições principais; nas pequenas refeições, escolher
lacticínios magros;
Alimentar-se o
mais devagar e pausadamente possível.
5 - SEPARAR A FOME FÍSICA DA "FOME EMOCIONAL"
A fome, no seu
sentido mais literal, é entendida como uma necessidade fisiológica básica,
tendo a espécie humana desenvolvido um conjunto de mecanismos que a regulam. No entanto, no decorrer
da vida quotidiana, existem momentos em que se come sem se ter realmente
necessidade fisiológica de energia ou nutrientes: uma visita a bons amigos, um
balcão apelativo de pastelaria, ou até como resposta ao tédio/cansaço ou a
emoções negativas.
Dada a grande variabilidade individual, o auto-conhecimento torna-se importante
para perceber quando está presente este padrão de funcionamento designado como
“fome emocional”.
Existem também
ferramentas para auxiliar a distinguir as razões do impulso de comer. Deixamos
uma delas em baixo - a Escala de Fome. Aplique-a várias vezes ao longo do seu
dia e procure conhecer melhor este aspecto nem sempre fácil de controlar.
ESCALA DE FOME
0 – Sem nada no estômago
1 – Esfomeado
2 – Com vontade de começar a comer
3 – O meu corpo/estômago está a dar sinal
4 – Com uma fome ligeira
5 – --------------------------------
6 – Confortável
7 – Satisfeito – bem alimentado
8 – Cheio
9 – Desconfortavelmente cheio
10 – Demasiado cheio “como um balão”
Nota: procure
comer até ficar satisfeito (ponto 7) e não mais do que isso.
Autor: SÍLVIA COUTINHO Dietista do Programa PESO Faculdade de Motricidade Humana in http://www.rituais.net/artigos/atg-nutricao/DIETA-NAO.aspx
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